19 de fevereiro de 2013

LOUCAMENTE SUA ** RACHEL GIBSON

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Obrilho vermelho de um aquecedor iluminou as rugas e
marcas do rosto de Henry Shaw, enquanto o relinchar de seu
Appaloosa o chamava na brisa quente de inverno. Ele colocou
uma fita cassete de oito faixas para tocar e a voz profunda e
ébria de uísque de Johnny Cash preencheu o pequeno estábulo.
Antes de Johnny ter uma religião, ele foi um beberrão e tanto.
Um homem de verdade, e Henry apreciava isso. Depois Johnny
encontrou Jesus e June e sua carreira foi para o inferno num
piscar de olhos. A vida nem sempre é como planejamos. Deus,
mulheres e doenças achavam uma forma de interferir. Henry
odiava tudo que pudesse atrapalhar seus planos, odiava não estar
no comando.
Ele serviu um bourbon e olhou através da pequena janela sobre
sua bancada de trabalho. O sol estava se pondo exatamente
sobre a Montanha Shaw, assim chamada em homenagem aos

ancestrais de Henry que se estabeleceram no vale rico daquela
região. Sombras cinza cortavam o vale em direção ao Lago Mary,
cujo nome foi dado em honra à tataravó de Henry, Mary Shaw.
Havia algo que Henry detestava mais do que Deus e doenças
e não estar no comando de tudo: os malditos médicos.
Eles apalpam e furam o paciente até que encontram algo errado,
e Henry nunca ouviu nada do que gostaria de nenhum
deles. Toda vez ele tentava provar que os médicos estavam
errados, porém ele nunca conseguiu.
Henry passou óleo de semente de linho em velhos trapos de
algodão e os colocou numa caixa de papelão. Ele sempre planejou
ter netos, mas não os teve. Ele era o último Shaw. O último
em uma longa linha de uma extensa e respeitável família. Os
Shaws estavam praticamente extintos, e isso era, para ele, como
uma punhalada no peito. Não havia ninguém para continuar
sua linhagem depois que ele se fosse... ninguém, exceto Nick….

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