19 de março de 2013

UM ESTRANHO NUMA TERRA ESTRANHA** ROBERT A. HEINLEIN

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Era uma vez um marciano chamado Valentine
Michael Smith.
A primeira expedição a Marte foi selecionada
com base na teoria que considera que o maior perigo
para o homem é o próprio homem. Nessa época, oito
anos terrenos após a fundação da primeira colônia
humana na Lua, resolveu-se realizar uma viagem interplanetária
feita por humanos em órbitas de queda
livre: da Terra a Marte, duzentos e cinqüenta e oito
dias para a viagem de ida, o mesmo para o regresso,
mais quatrocentos e cinqüenta e cinco dias de espera
em Marte, enquanto os planetas reocupavam lentamente
as posições para a órbita de regresso.
Só reabastecendo-se numa estação espacial é
que a nave Envoy poderia fazer a viagem. Depois de
chegada a Marte poderia voltar — se não se esmagasse
no solo, se encontrasse água para reabastecer
os seus tanques de reação, se um sem-número de
coisas não corresse mal.
Oito humanos, convivendo juntamente durante
quase três anos terrestres, tinham de se dar muito
melhor do que aquilo que é habitual nos humanos.
Uma tripulação constituída apenas por homens foi
vetada, por ser considerada pouco saudável e instável.
Quatro casais casados foi considerado óptimo,
se se conseguissem encontrar as especialidades requeridas
em tal combinação.
A Universidade de Edimburgo, contratador
principal, sub-contratou o Instituto de Estudos Sociais
para selecionar a tripulação. Depois de pôr de
lado numerosos voluntários, devido à sua idade,
saúde, mentalidade, grau de instrução ou temperamento,
o Instituto ficou com nove mil possíveis candidatos.
As especialidades requeridas eram: astro
navegador, médico de clínica geral, cozinheiro, maquinista,
comandante de nave, semântico, engenheiro
químico, engenheiro eletrônico, físico, geólogo,
bioquímico, biólogo, engenheiro atômico, fotógrafo,
técnico de culturas hidropônicas, engenheiro de
foguetes. Havia centenas de possíveis combinações
de oito voluntários possuindo estas especialidades;
depois se transformaram em três combinações de casais
— mas, em todos os três casos, os psicólogos que
avaliavam os fatores de compatibilidade levaram as
mãos à cabeça, horrorizados. O contratador principal
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sugeriu baixar o nível-padrão de compatibilidade; o
Instituto ofereceu-se para devolver os seus parcos
honorários.
Os computadores continuaram a rever os dados
que se iam alterando devido a mortes, desistências,
novos voluntários. O capitão Michael Brant, M. S.,
comodoro D. F. Reserve, piloto e veterano de trinta
das viagens à Lua, levava uma certa vantagem no Instituto.
Várias pessoas procuravam para ele nomes
de mulheres solteiras que pudessem (juntamente
com ele) completar uma tripulação, depois juntavam
estes nomes ao dele e introduziam-nos nos computadores
para determinar quando é que uma dessas
combinações seria aceitável. Isto resultou no seu vôo
para a Austrália para ir propor casamento à Dra.
Winifred Cobum, uma solteirona nove anos mais
velha do que ele.
Depois de se apagarem e acenderem muitas
luzes e depois de muitos cartões emitidos pelas
máquinas, encontrou-se uma tripulação:…

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