8 de abril de 2013

DRAGÕES DE ETER 1-2-3 ** RAPHAEL DRACCON

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CAÇADORES DE BRUXAS

Grandes poetas costumam chamar os países ou regiões de
plaga. Por esse ponto de vista, podemos afirmar que Nova
Ether é um mundo formado exatamente por plagas etéreas. E
digo isso porque nesse típico mundo você não vai encontrar as
coisas da maneira tão palpável quanto costuma. Tudo em
Nova Ether parece concreto e maciço e pode ser tocado e
sentido, mas pode ser modificado e incorporar o incrível a
qualquer momento.
Essa instabilidade seletiva, propícia ao fantástico, tem
explicação. Acontece porque tudo que ali se manifesta é fruto
da existência e das consequências de um mundo de
semideuses. O caso é que não existe um deus, e nem mesmo
existem deuses, em Nova Ether. Não que os verdadeiros
deuses não existam, mas, na realidade, esses estão tão longe
dos nova-etherianos, que estes preferem dedicar sua devoção
a quem realmente pode ajudá-los:
Os filhos dos deuses.
A relação entre um devoto e um semideus é interessante.
Deuses serem como sonhos é sabido universalmente. É
necessário que devotos acreditem em sua existência para que
permaneçam vivos. Devotos de semideuses praticam uma
relação exatamente contrária; é necessário, sim, que os
próprios semi-deuses acreditem na existência de seus devotos,
e não os esqueçam, para que estes possam continuar existindo.
Assim, para que exista toda essa terra propícia à mágica, é
necessário um semi-deus Criador que crie os alicerces e a vida
e todas as leis naturais. Entretanto, ele, sozinho, não teria
competência suficiente para manter esse mundo de éter vivo
eternamente, pois o esqueceria em determinados momentos, o
que culminaria na morte prematura de sua criação. Por isso, é
necessário que os outros semideuses se manifestem.
Além de ajudarem o Criador a manter viva sua criação,
existem também outros semi-deuses que influenciam
diretamente os semideuses Criadores, e muitas vezes suas
influências são encontradas facilmente em todos os cantos
geográficos. Em Nova Ether não é diferente, e me arrisco
ainda a dizer que não se trata do primeiro mundo de éter a ser
criado por esse processo tão sublime quanto divino e, a
princípio, tão complicado de ser entendido. Centenas de
outros mundos etéreos também são assim gerados aos montes
e, da mesma forma, só conseguem manter suas existências por
esse mesmo procedimento sagrado que mantém viva essa
terra.
E, por saberem bem como sua vida só existe por bondade
desses semideuses, seja do Criador ou dos outros semideuses,
que os nova-etherianos os reverenciam. E, por suas atitudes, o
semideus Criador, quando julga necessário, os ajuda ou os
pune. Isso se manifesta em seus avatares…

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CORAÇÕES DE NEVE

Adam Bell caminhou até aquele local com os olhos vendados.
Estava com os pés descalços, e sem uma camisa que lhe
cobrisse o peito. O corpo se mostrava marcado com cicatrizes;
a saúde, em extrema debilitação. Cada passo que dava naquele
dia era tão difícil, mas tão difícil, que parecia exigir toda a
força do mundo na manifestação. Talvez porque exigisse.
Talvez porque a culpa faça com que os passos de um homem
se tornem mais pesados. E faça com que o fardo de sua
existência se torne um fato angustiante demais para a alma e
pesada para o coração.
Não importa; a questão a ser observada no caso de Adam era
que - fosse qual fosse o motivo das pesadas passadas daquele
homem - aqueles eram seus últimos passos.
Porque Adam Bell iria morrer…

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CIRCULO DE CHUVA

Eu pensei que fosse um imenso pé de feijão..., diria o garoto
muito, muito tempo depois daquele terrível acontecimento.
Em Nova Ether, existem três grandes árvores que representam
a essência mágica vital daquele mundo. São árvores
gigantescas que fazem a alma humana se sentir pequena e
limitar sua visão de vida até o limite dessa pequenez. São
troncos mais grossos que dezenas de pessoas de mãos dadas.
São raízes mais profundas que tentáculos de polvos ancestrais.
E tudo dotado de um significado capaz de iluminar o homem
santo ou entreter por uma vida inteira o homem comum.
Na Árvore da Sabedoria foi onde nasceu o conhecimento do
mundo, e de onde provinha a evolução desse pensamento. Na
Árvore da Vida foi onde nasceu o éter que gerava o
movimento dos seres, e para onde retornava esse éter após o
fecho de ciclos. Mas, de todas elas, visualmente, a mais
impressionante ainda era a terceira. Uma árvore capaz de
nascer no fundo do mar, e terminar nas nuvens do céu. A
Árvore Do Criador. A Árvore Que Não Se Escala.
A Árvore Do Mundo….

 

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