13 de abril de 2014

DAVE GURNEY 2- FECHE BEM OS OLHOS- JOHN VERDON

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Parou na frente do espelho e sorriu com profunda satisfação para seu próprio reflexo sorridente.
Naquele momento, não podia estar mais contente consigo mesmo, com sua vida, com sua
inteligência. Não, era mais do que isso, mais do que a mera inteligência. Seu estado mental podia
ser descrito mais precisamente como uma profunda compreensão de tudo, uma compreensão que
ia muito além do alcance normal da sabedoria humana. Viu o sorriso em seu rosto no espelho se
alargar mais diante da adequação da expressão, que ele havia sublinhado na mente enquanto
pensava nisso. Por dentro podia sentir – literalmente – o poder de sua percepção de todas as
coisas humanas. Por fora, o curso dos acontecimentos era prova disso.
Em primeiro lugar, falando da forma mais simples possível, ele não fora descoberto. Cerca de
24 horas haviam se passado – faltavam apenas alguns minutos –, e nesse giro quase completo da
Terra ele apenas ficara mais seguro. Mas isso era previsível: havia cuidado para garantir que não
existisse pista a ser seguida nem lógica que levasse alguém até ele. E de fato ninguém aparecera.
Ninguém o descobrira. Portanto, era razoável concluir que eliminar aquela vaca presunçosa fora
um sucesso em todos os sentidos.
Tudo havia corrido de acordo com o plano: tranquilamente, conclusivamente.
Conclusivamente era uma definição ótima. Tudo acontecera conforme o previsto, sem tropeços,
sem surpresas. A não ser por aquele som. Cartilagem? Devia ser. O que mais?
Era uma coisa tão minúscula que não fazia sentido que houvesse criado uma impressão
sensorial tão duradoura. Mas talvez a força, a durabilidade da impressão, tivesse sido
simplesmente o resultado natural de sua sensibilidade fora do comum. Aquele nível de percepção
tinha seu preço....

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