26 de outubro de 2014

OS QUATRO ELEMENTOS 1- MARCADA PELO FOGO- JOSY TORTARO

image

A escuridão me envolvia completamente. Mantinha os olhos bem abertos apesar de não enxergar
nada, e os ouvidos em alerta. O silêncio pairava no ar como uma teia invisível pronta para me
prender. Meu pequeno corpo tremia. Meu queixo batia ritmado e com força. Havia um barulho
baixo e constante enquanto meus dentinhos se chocavam. Minhas mãozinhas apertavam com força
minhas perninhas dobradas.
Sentia a respiração ofegante e o pulsar frenético de meu coração. Medo. Um medo
aterrador. Medo do desconhecido. Medo do que havia por trás das paredes da sala secreta do
castelo. Nunca entrara antes naquele lugar. O chão de mármore parecia uma tumba fria. Não
havia entrada de ar. Não havia janelas. Não havia portas. Apenas as paredes de pedra.
Não conseguia pensar muito bem. Não entendia o que estava acontecendo com os adultos.
Por que tinham me trancado ali? Não queria ficar sozinha. Não queria ficar no escuro. Fazia muito
tempo que eu estava naquela posição ao desistir de gritar por alguém. Minha garganta ardia em
consequência de horas de gritos em vão.
Ouvira o eco de meus próprios gritos em desespero. Chamara por minha mãe com uma
insistência desesperadora, mas ninguém me ouvira. Somente o eco me repetira irritantemente.
Depois disso chorei por mais algum tempo. Nesse momento, o espanto e a solidão secaram meus
olhos. Meus ouvidos apenas ficaram atentos para todos os sons ao meu redor. Não havia
absolutamente nada além de minha própria respiração.
De repente o silêncio foi interrompido por passos abafados ecoando do outro lado da
parede. Meus olhos se arregalaram ainda mais tentando prever o que aconteceria. As lágrimas
correram por minha face sem que eu emitisse nenhum som pela boca. Os passos se aproximavam
mais e mais. Toc toc toc. Uma constante apavorante. Parecia que o som acompanhava o ritmo
frenético de meu coraçãozinho.
No momento seguinte, os passos cessaram abruptamente paralisando com eles minha
respiração. O que viria a seguir? Não sabia quanto tempo havia ficado naquela posição presa
naquela sala. Não sentia dor nem fome nem sede. O medo me dominava completamente e a espera
era arrasadora, fria, quase um animal horrendo pronto para me matar.
Um som agudo de pedra sendo arrastada fez com que eu voltasse a respirar. Uma luz
intensa ofuscou dolorosamente meus olhos através da fresta aberta na parede. Em uma única
reação, eu gritei, com todas as forças de meus pulmões apertando fortemente os olhos fechados e
as mãos contra o corpo.
Um vulto de baixa estatura se aproximou apressado contra a luz e, tocando-me com
afeição, apenas disse denunciando sua voz infantil.
– Não tenha medo, Tamires.

Um comentário:

  1. Olá, tudo bem? Se estiver fornecendo meus livros da saga Os Qu4tro Elementos em eBook para seus leitores, gostaria de pedir que retirasse do seu site, por gentileza. Obrigada pela compreensão e consideração com meu trabalho.

    ResponderExcluir

NÃO SE ESQUEÇA DE COMENTAR !